No último sábado foi realizado o Desafio de 10 voltas da Lagoa da Pampulha. Evento realizado pela Pedal do Frango eventos e supervisão da Federação Mineira de Ciclismo.
Ricardo Alcici conseguiu o feito inédito e incrível de fechar as 10 voltas ou 183 km, em 4 horas e 18 minutos com média horária de 42,7 km.
Segue abaixo um release do atleta sobre este feito.
O Clube ACE de Ciclismo tem o patrocínio de NEOBOX, TRIPP Aventura, IB Factoring, NÃO+PELO-Unidade Pampulha-BH-MG e Apis Engenharia. Conta com o apoio de rodas Vzan e Sprint Nutri
- Ricardo Alcici
A proposta foi 10 voltas na lagoa com 40 km/h de média. Terminar em até 4 horas e 40 minutos. Não joguei esses valores como se fossem uma loteria mas consciente de que conseguiria mesmo com algumas adversidades.
A expectativa era grande e acabei me surpreendendo concluindo o desafio em 4 horas e 18 minutos com 42 km/h de média.
No decorrer de mais de 12 anos no ciclismo e 10 deles na Elite nacional, aprendi muito. Além disso, tenho formação acadêmica em Educação Física e especialização em Treinamento Esportivo o que acho que foi fundamental para ter sucesso nesta e em outras empreitadas.
Conhecer o nosso corpo e o funcionamento dele é fundamental para alcançar sucesso no esporte. São mais de 10 anos de muita dedicação ao esporte seja nos treinos, na alimentação e no sono. Isso durante todos esses anos sem desviar sequer em festividades de final de ano.
Neste desafio das 10 voltas, onde fui muito mais rápido do que foi proposto, a preparação física somente não foi suficiente. A consciência corporal foi muito importante. Tanto é que todas as 10 voltas foram constantes caindo um pouco nas 4 últimas devido ao aumento do transito. Falando em trânsito, veio outro fator importante no sucesso do desafio, a pilotagem da bicicleta. Não arrisquei nada mas com certeza minha mãe ficaria doida se me visse ultrapassando os carros. Mas com suavidade ultrapassava os carros e conseguia me manter em uma boa velocidade. Algumas artimanhas como travar os carros um pouco antes das rotatórias e quebra molas foram fundamentais para passar nestes obstáculos sem redução de velocidade. Fazia isso com sinais e manobras. Teve um momento que ao ver que não conseguiria ultrapassar um veículo, rapidamente notei que não tinha ciclista na ciclovia, joguei para a ciclovia, ultrapassei o veiculo e voltei para a pista. Tudo isso a 40 km/h. Manobras assim me ajudaram a não cair tanto a velocidade e foi fundamental.
Largada dada as 5:10 da manhã. Fiz um aquecimento de 10 minutos para ativar a circulação e uma massagem com óleo para ajudar a esquentar a musculatura, assim já larguei forte. Primeira volta foi 43,2 de média.
Na segunda volta vi a necessidade de não afobar. Concentrar na respiração, poupar a musculatura com estratégias de pedaladas (mantendo a velocidade), mas o rendimento manteve. Terceira e quarta volta foram fortes tb. Sabia que estava no limite mas tinha certeza que não quebraria. Sabia que dava para manter o ritmo, não pela emoção do momento, mas pela própria experiência de vários treinos de mais de 200km.
Quinta e sexta voltas, a média era de 43,5. Estava muito bem mas a sensação de desgaste começou a bater. Até então estava ligeiramente confortável. Mas aí pensei, "até aqui eu fiz algo normal e possível, a partir de agora entra a determinação, a garra, a sabedoria em manter o ritmo mas ao mesmo tempo me poupar. Coisas vinham na minha cabeça que me fortaleciam.
Nesta sexta volta queria que meu filho estivesse me vendo no carro. "Foi um momento que poderia dividir o sucesso do fracasso." Mas foi ali que começou o caminho do sucesso.
Não queria apenas manter a média, mas aumentar na sétima volta. Tentei mas não foi possível.
Na oitava volta começou as maiores dificuldades. O selim me machucava muito. A posição da bike não era favorável para um pedal tão longo e intenso. Mas eu já sabia disso e estava preparado. Precisei de mudar um pouco a posição no selim sentando mais para traz, o que atrapalhava um pouco na eficiência da pedalada. Mas o pensamento de que era apenas mais duas voltas me fazia tolerar a dor e assim eu não desgrudava do clip e não saia da posição.
Na nona volta as pernas começaram a pesar, o selim machucava demais, cotovelo ferido mesmo com a almofada do clip e ainda tinha o trânsito mais intenso. Mas logo já iria partir para a última volta e isso me mantinha firme no "passo" forte mas bem mais sofrido.
Abertura da última volta foi fantástica. Todos os atletas e expectadores do evento gritando na minha passagem foi algo indescritível. A emoção foi tão grande que fui as lágrimas. Por uns 3 km fiquei chorando de emoção e ao mesmo tempo de dor. Já não dava para pedalar em pé porque nesta posição sentia câimbras. E ficar sentado era cada vez mais dolorido. A posição aerodinâmica e agressiva na bike sempre machuca a virilha, ainda mais por tanto tempo. Os braços também estavam já exaustos e doloridos.
Comecei a orar ao Senhor para me proteger naquela última volta, pois estava um pouco "zoado". Já não tinha a mesma lucidez que no início. A cabeça estava quente, me sentia como se estivesse enjoado e sem muito controle do meio externo. Mas fazia de tudo para manter o ritmo e conseguia.
Reta de chegada. A ficha caiu naquela hora, "Eu consegui não só fazer 40 km/h de média, mas 42,7.
Estava exausto. Atingi um nível de esforço além do que eu achava que era meu limite. As últimas voltas foram duras mas a última foi como se eu pedalasse com força da mente!
Abraçar a minha família naquele momento e os amigos presentes foi transferir a eles o sentimento de vitória pois foram os que acreditaram em mim e juntos comigo foram vencedores.
Glorias a Deus por me sustentar com saúde e força para vencer os obstáculos da vida e do esporte!
“Prepara-se o cavalo para a batalha, mas a vitória vem do Senhor.” (Provérbios 21:31)
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